Na arte de reinar, não há regras,
Que sejam desconhecidas de um rei,
Mas, cega, á rainha vaidade, Como ave faceira, voa longe da lei!
A vaidade é um gênio,
Que todos admiramos,
Por adorarmos á timida luz,
Que em nós observamos!
A alegria só, não nos anima ou completa,
Quando em vão equivoco,
Nossa vaidade à interpreta!
Quem diria aos homens,esta insepulta verdade?
Que no mundo, há coisas mais que fortuna;
Senão á violenta vaidade?
Que tão logo à consideremos,
Surda e cega, quanto o amor...
Incontinente recebemos,
Á mais ilustre ação da dor.
Pois há no tempo um espelho,
Onde nos vemos maiores.Que por obséquio da alma,
Nos tornamos, heróis melhores.
Como dizer aos homens?
Que na honra, à predestinação;
Lisonja permitida da vaidade,
Que sutilmente envolve á alma,
Com hálitos da sedução.
Qualquer coisa, ou ainda menos, basta;
Para que a insana vaidade,
Se regozige e satisfaça!
Há o delirio da entrega,
Á tão sonhada imortalidade,Idólatras da fama,que agrega,
Risos e males, que falam por nossa vaidade!
Encenamos no mundo, tristes comédias,
Que nos afugentam, o horror as sombras,
Que nos chegam em anos e tragédias,
E vituperam as nossas obras!
É raro o mal, do qual,
Não venha à nascer nem um bem,
Nem bem, que não produza algum mal,
Pois á vaidade, que com furor impera,
A tudo considera, como nobre e natural!
Os momentos que se faz na história,
Viram epitáfios, gelados e inanimados;
Dissipam-se em versos na memória,
Não passam de cinzas, dos antepassados!
Meditem em tudo que tem vaidade,
Sacrificam a vida, para eternizar o nome,
Rompem tradições com sede e voracidade!
Agem como dragão, que á tudo consome;
Tudo no mundo são sombras,
Mesmo as mais agigantadas!
Á benignidade que vislumbras,
Encontram-se nas almas, acorrentadas!
Somos todos sensíveis, ao mesmo sentimento,
Vaidade cega, cega vaidade!
Cada passo que damos sem conhecimento...
Nos leva para longe, da felicidade.
Só á vaidade, sabe dar,
Existência, as coisas que não se veem,
Nos faz, adoradores "dun´s nadas",
Que sem vaidade, não são ninguém!Não se absorve á vaidade,
Até que se conheça á razão,
Todas as paixões, dão passos iguais,
N´uma única direção;
Só á vaidade vem depois,
Mas dura á eternidade!
O tempo á faz se mover,
Com magestosa, leviandade...
Os homens crescem,
E com eles, á imaginação.
Os ideais viram quimera,
Que podem florescer, ou não!
Os que julgam conhecimento do universo,
Seguem, não conhecendo á si mesmo!
O que se conhece, ou sabe-se em verso;
É que á vaidade, segue á esmo.
Ou, também, como cometa,
Que atravessa o espaço,
Indo sem saber para onde,
Sem sucesso, ou sem fracasso!
A melhor definição de amor,
É, que não se pode "o" definir...A melhor compreensão da vaidade,
É o conceito de exigir...
As pessoas mais felizes,
São as capazes de amar,
Sem querer algo em troca,
Sufocando á dor aguda,
Que á natureza da vaidade PROVOCA!
Sérghio Gonçalves
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